Pois bem. Cristina acaba de ressuscitar o fantasma da Guerra das Malvinas, em 1982, quando Argentina e Reino Unido foram às armas pela posse da pequena ilha (Falkland, para os ingleses) no Atlântico Sul. Na época, a Junta Militar que governava os argentinos ia mal das pernas e queria um factóide para recuperar a popularidade. O resultado todo mundo sabe: bombas, navios afundados de lado a lado, mísseis Exocet, caças Harrier ingleses destruindo armamentos inimigos e uma derrota humilhante dos hermanos: o Reino Unido recuperou a ilha (que havia sido invadida por forças argentinas em abril daquele ano) às custas da morte de 644 militares argentinos e 255 britânicos.
Agora, Cristina, que também vai mal das pernas (não no sentido literal, claro), trouxe as Malvinas de volta. Desta vez, o motivo é geoestratégico: o primeiro-ministro inglês, Gordon Brown, anunciou que pretende explorar petróleo nas águas territoriais da ilha. Tudo bem, não fosse um pequeno detalhe: resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), em vigor desde o fim da guerra, determina que todas as decisões referentes às Malvinas (cujo dono ainda não foi oficialmente definido, já que a ilha foi ocupada pelos britânicos em 1833 e os argentinos reclamam a posse desde então) devem vir de consenso entre Argentina e Reino Unido. Ou seja, Brown está tomando uma decisão unilateral. E Cristina reagiu, determinando que todos os navios que passem pela região precisam ter autorização expressa da Casa Rosada. O clima anda tenso nesse lado do Atlântico.
Eu não disse?
Por que a questão das Malvinas é boa para Lula e Jobim? Porque um dos argumentos do governo para gastar US$ 10 bilhões em armamento é exatamente a proteção da camada de petróleo no pré-sal, recém-descoberta pelo Brasil.Jobim tem dito que um submarino nuclear, além de caças e helicópteros modernos, funcionam como força de dissuação, ou seja, fazem com que um país hostil pense duas vezes antes de querer invadir alguma área em águas brasileiras.
Há lógica nisso. Somente os muito ingênuos – e o pior é que eles existem – acreditam que as grandes potências não estejam de olho no petróleo e outras riquezas brasileiras, como urânio, água e titânio. Brown e as forças de Sua Majestade são a prova cabal disso. A ONU impede que a Inglaterra tome decisões unilaterais em relação às Malvinas. Mas a ONU… ora, a ONU… Que ONU? A essa hora, Lula já pode falar: “Eu não disse?”. As siglas que guiam Brown são outras: Otan (ou Nato, em inglês), a Organização do Tratado do Atlântico Norte, a união militar que congrega desde os Estados Unidos aos países da Europa Ocidental, e que neste momento está em guerra no Paquistão.
Alguém duvida?
O fato é que a decisão de Brown mostra que as grandes potências farão o que for necessário, agora e no futuro, para garantir o suprimento de matérias-primas estratégicas, como petróleo, urânio, metais e água. Os EUA de George W. Bush e a Inglaterra de Tony Blair invadiram o Iraque para garantir petróleo, mentindo descaradamente para o mundo sobre armas de destruição em massa escondidas por Saddam Hussein. Agora, Brown começa a colocar as asinhas de fora – e aqui, no quintal brasileiro.São as commodities – como petróleo, minérios e grãos – que sustentam a economia global. Sem elas, ninguém come, se locomove ou constrói. Alguém ainda duvida de que eles, os senhores das armas, farão o que achar necessário para ter acesso a elas? Que venha o pacote de defesa de Lula.
FONTE: O Estado de Minas, by Blog Poder Naval http://www.naval.com.br/blog/
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