domingo, 3 de janeiro de 2010

A caretice e o "politicamente correto" tornam estádios de SP quase "túmulos"



Na virada do ano, vi em DVD "23 Anos em 7 Segundos", documentário que conta a saga do Corinthians na busca por um título de campeão, o que aconteceu em 1977 após mais de duas décadas de jejum. O filme é muito interessante, pelos depoimentos e especialmente imagens da época.

E nesses registros históricos, é possível ver um Morumbi diferente do atual. No lugar do clima frio de tantos jogos, com bandeiras proibidas e uma série de restrições, muitas delas tolas, havia uma atmosfera de... estádio de futebol. Algo que falta, inclusive, à maioria das "arenas' europeias.

Tal cenário ainda pode ser visto no Brasil, não só no Maracanã, onde as festas das torcidas cariocas ainda são belíssimas, como em Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, etc. Mas em São Paulo, o estádio virou um lugar frio, sem a vibração de outros tempos. Quase um "túmulo" em alguns jogos.


Aquela final de campeonato paulista de 1977 foi marcante. Mas de 146 mil pessoas num Morumbi repleto de bandeiras. Um espetáculo. A entrada em campo foi memorável. Mas os mastros foram proibidos pelas ditas autoridades. Alegam que podem ser usados como armas em brigas.
De fato, no passado, eventualmente, isso até acontecia. Mas era muito raro. E a impossibilidade de agitar bandeiras nas arquibancadas ajudou a fazer dos estádios de São Paulo locais mais frios, sem o brilho que elas proporcionam ao espetáculo. E, claro, a decisão não afastou a violência, todos sabem.

É a praga do politicamente correto, mais uma vez. E essa caretice enche o saco. Bandeiras? Não pode. Rolos de papel na entrada em campo? De jeito nenhum. Foguetórios? Ah, é perigoso. Um verdadeiro porre. Querem transformar futebol em que afinal? Ópera?

Qual o problema em se colocar alguns elementos que retirem do gramado o papel atirado na entrada em campo antes do jogo? Gerariam alguns empregos, pelo menos. E por que não foguetórios feitos profissionalmente, como no reveillon carioca? Não é um show?

No Rio de Janeiro, o narrador Waldir Amaral, um dos maiores nomes do rádio esportivo, repetia após cada gol: "Uma tempestade de bandeiras saudando o primeiro tento do ..." Hoje, se fosse vivo, ele jamais poderia utilizar tal bordão em jogos disputados em São Paulo.

As fotos deste post registram um tempo em que as torcidas paulistas levavam suas bandeiras ao estádio e nos vídeos abaixo, a festa corintiana em 1977 e o recibimiento da hinchada do Racing ao time argentino antes do clássico com o Independiente, em setembro. Isso também é futebol.

torcida do Grêmio, atualmente

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